Hoje a resenha será dupla, trazendo um aparato geral sobre a trilogia sem revelar spoilers. Portanto se você ainda não leu o primeiro volume, pode ler sem medo.
A trilogia
Cinquenta tons de cinza, deveria ganhar o prêmio de livro mais controverso de todos os tempos. Uns amam, outros odeiam, e um grupo mais indignado planejava queimar os exemplares para exorcizar o demônio Christian do BDSM. A verdade é que toda polêmica envolvendo a trilogia só serviu para evidenciar ainda mais a obra, que já passa da marca dos 2,4 milhões de livros vendidos no Brasil.
Assim que surgiram os primeiros comentários sobre a trilogia (algumas injustas na minha opinião, já que muitos críticos nem se deram ao trabalho de ler os livros para poder realizar uma análise mais justa) , eu quis conferir para tirar minhas conclusões.
Para começar a se aventurar no mundo erótico criado por E.L. James, você precisa ter em mente que este livro é exclusivamente para entretenimento e fun. E como tal, ele cumpre perfeitamente o seu papel.
"- Primeiro preciso perguntar uma coisa. Você quer um relacionamento baunilha, sem nenhuma trepada sacana?
Fico boquiaberta.
- Trepara sacana? - sussurro.
- Trepada sacana.
- Não acredito que você falou isso.
- Bem, falei. Responda - diz ele calmamente. (pág.38)"
Christian milionário e megalomaníaco está de volta em
Cinquenta tons mais escuros, mostrando um lado mais "domesticado". Se no primeiro livro o foco foi a sua obesessão por controle e sexo masoquista, neste segundo volume a autora explora a raiz de todo o seu trauma envolvendo o temor de ser tocado.
A complexidade da personalidade de Christian, foi o principal motivo que me levou a querer ler o restante da série. Em um momento ele era mandão, em outros compassivo, e surpreendentemente passou a assumir uma postura romântica e doce (mega me derretia quando ele chamava a Ana de baby) nos dois últimos livros. A inconstância do personagem renderam diálogos hilários e deliciosos de ler. Os e-mails trocados entre os dois também serviram para conferir um tom mais leve a narrativa, que por conta do passado sombrio de Christian, assumiu um tom mais dramático.
"- Passei toda a minha vida adulta tentando evitar emoções extremas. Mas você...você desperta sentimentos em mim que me são completamente desconhecidos. É muito...pertubador. (pág.30)"
Anastacia deixou de tropeçar nos próprios pés, e diminuiu consideravelmente seu ciúme em relação ao namorado. Suas dúvidas quanto ao relacionamento relâmpago com o empresário, foram totalmente compreensíveis. Como saber se um relacionamento "baunilha" seria o suficiente para um homem acostumado a ter o controle na relação sexual? Será que ele não sentiria falta de infligir dor? Como lidar com toda a bagagem do passado que acompanhava Christian?
Não entendo porque tantas resenhas a acusam de ser interesseira. Eu não consigo ver por este lado. É óbvio que a riqueza dele vem junto com o pacote, e uma hora ou outra ela teria que admitir que toda a fortuna traria benefícios. E fala sério, se meu namorado quer me presentear com um Saab, eu teria que ser muito louca e rasgar dinheiro para recusar.
A riqueza de Christian também foi alvo de critícas inflamadas. Mas todo o poder e status dele, só serviram para tornar a leitura ainda mais divertida. Que graça teria se ele fosse um assalariado e levasse Ana para comer um pastel com cana na feira? Já basta a realidade (nada contra o pastel com cana, que inclusive é um dos meus lanches preferidos #apobre), pois quando estou lendo o que eu quero é uma fuga da realidade, e neste quesito E.L proporcionou a melhor fuga de todos os tempos.
"- Se você estivesse no meu lugar, como você se sentiria, com toda essa...generosidade vindo de bandeja para você? - pergunto.
- Não sei - responde, parecendo genuinamente confuso.
- Não é legal. Quer dizer, você é muito generoso, mas isso me deixa desconfortável. Já falei isso várias vezes.
- Eu quero lhe dar o mundo, Anastasia.
- Eu só quero você, Christian. Não quero os extras.
- Mas eles estão incluídos no pacote. Fazem parte do que sou. (pág. 104 -105)
O único ponto que me incomodou, foram as repetidas e demasiadas cenas de sexo. Tudo bem que não dava pra fugir do:
percorreu meu pescoço com a língua, senti seus dedos dentro de mim, porém, a autora poderia ter poupado um pouquinho o fogo dos dois. Algumas cenas eram totalmente dispensáveis.
Já no desfecho do segundo livro, a adrenalina da leitura fica por conta da aparição da Mr. Robinson. Ô mulherzinha incoveniente. Tenho que dar razão ao ciúme que Anastasia sentia dela. Eu não ia gostar nadinha de ter uma ex-namorada no encalço do meu namorado, alegando ser a melhor amiga e ainda por cima querendo interferir no relacionamento, da forma como ela fazia.
Já no livro
Cinquenta tons de liberdade, as cenas de sexo ficam relegadas a segundo plano. Finalmente temos as respostas sobre o envolvimento conturbado de Christian e Elena.
Um pouquinho de tensão, suspense e ação movimentaram a trama, e fizeram valer a pena a leitura das mais de 500 páginas.
No final a autora ainda reserva uma surpresa: um capítulo mostrando o primeiro natal de Christian, e o encontro com Anastacia narrado por ele.
Minha classificação geral para a trilogia foi 4 estrelinhas. O enredo apesar de não ser um dos mais inovadores, conseguir agregar mistério, romance, erotismo e uma narrativa instigante. E.L. James escreveu uma história para diversão, não com a pretensão de se tornar um clássico da literatura, portanto, não deposite muita expectativa.
Por fim, se me perguntarem se eu recomendo a série, eu respondo: sim, se você está em busca de uma leitura cujo intuito seja entreter.
Mal posso esperar para assistir aos filmes (meu Christian Grey dos sonhos seria o atore Henry Cavill).