Livro: Never Sky - Sob o Céu do Nunca -
livro #1
Autora: Veronica Rossi
Editora: Prumo
Número de páginas: 333
Classificação: 3.5/5
Minha Opinião:
- As nuvens se dissipam? - perguntou ela.
- Completamente? Não. Nunca
- E quanto ao Éter? Ele some em algum momento?
- Nunca, Tatu. O Éter nunca some.
Ela olhou pra cima.
- Um mundo de nuncas sob o céu do nunca. (pág.116)
Never Sky é o primeiro livro da brasileira Veronica Rossi, lançado nos EUA, e vendido para mais de 25 países. Seus direitos de adaptação foram adquiridos pela Warner Bros. Aqui no Brasil, a distopia já era bastante aguardada pelos fãs do gênero, e valeu a pena esperar.
Ária vive em Quimera, um mundo encapsulado, onde os moradores não possuem qualquer contato com o mundo externo, além das experiências nos Reinos vividas através de um olho mágico. Ao perder o contato com sua mãe, Lumina, e não conseguir acessar a última mensagem deixada por ela, Ária acaba se aproximando de Soren - filho do Cônsul - que a leva juntamente com seus amigos para fora das depêndencias da capsula, em um lugar denominado Loja da Morte. Ao quebrar o esquema de segurança, Soren coloca a vida de todos em risco, e parece não ter a real consciência disso, quando decide acender uma fogueira. No lugar de fornecer informações sobre a mãe de Ária, Soren assume uma postura irreconhecível, totalmente fascinada por seus sentidos fora da capsula. Quando ele decide atacar Ária, a jovem teme pelo que pode acontecer. Porém, um Forasteiro, surge em seu caminho, salvando-a das garras de Soren, e de ser morta pelo fogo que já se alastrava.
De volta à sua capsula, Ária é banida de Quimera, sendo deixada sozinha sem a menor chance de sobrevivência.
Mais uma vez, o Forasteiro aparece em seu caminho, desesperado pelo sequestro de seu sobrinho, Talon, realizado por seu povo. Juntos, eles irão unir forças para sobreviver a tempestade de Éter, os ataques dos canibais e as longas caminhadas enfrentando todo o tipo de adversidades, a fim de resgatar Lumina e Talon.
Never Sky não é só mais uma distopia comum. Com uma pegada sci-fi e sobrenatural, que conferem originalidade a trama, o livro superou as minhas expectativas. A ideia do olho mágico, e a possibilidade de experimentar outro tipo de vida em vários "mundos" sem sair do lugar, foi bastante inovadora e crível. A alta tecnologia foi um contraste com o modo primitivo com o qual os Corvos, também chamados de canibais, viviam. O toque sobrenatural ficou por conta dos Sentidos Dominantes com o qual os Forasteiros eram marcados. Perry possui o olfato muito apurado, e também pode enxergar no escuro, graças ao seu sentido de Vidente. Veronica soube dosar perfeitamente cada um dos elementos, sem tornar o enredo uma salada mista de assuntos.
Narrado em terceira pessoa, intercalando o ponto de vista de Ária e Perry, a autora nos aproxima dos conflitos e todos os revés vividos pelos protagonistas. Minha preferência sempre pendeu para a narração em primeira pessoa, e poucos são os livros que conseguem transmitir proximidade com os personagens quando narrados em terceira, e
Never Sky foi um deles. A narrativa de Rossi é direta e sem floreios, motivos que tornaram a leitura frenética.
Ária gradualmente sofre uma grande transformação, de uma menina cheia de medos, em uma corajosa mulher que não se limita a ficar esperando ser salva. Partir para a ação é um dos lemas preferidos em se tratando de distopias. Ela me lembrou vagamente a Katniss de Jogos Vorazes, só que sem a característica frieza. Sua motivação e instinto de sobrevivência vieram a calhar durante sua peregrinação pela Loja da Morte. Acostumada a viver em uma cápsula sem sentir qualquer perigo, ou dor, Ária precisou se adaptar a um mundo e modo de vida completamente desconhecidos.
Perry à primeira vista pode parecer um ogro, mas aos poucos a autora remove a "casca" que encobre seus sentimentos, revelando um Perry vulnerável e humano. O romance entre eles surge naturalmente, e foge do piegas comumente encontrado em algumas distopias.
A cultura dos Marés, povo a qual Perry pertencia, não nos foi completamente revelada, assim como as causas para as frequentes tempestades de Éter, e o motivo que levou o povo a viverem em cápsulas protegidas do mundo externo, e este foi o motivo para a minha classificação com três estrelinhas e meia.
Embora a capa não tenha chamado muito minha atenção à primeira vista - já que eu sou apaixonada pela capa americana - em mãos ela é muito mais atrativa do que parece, pois possui um metalizado que dá vida ao Éter representado no céu, o que achei bem mais coerente com a história do que a capa original. A diagramação é muito bonita, e não encontrei nenhum erro de português.
E o bom é saber que não vou ficar muito tempo roendo as unhas para saber o que acontecerá com Ária e Perry na continuação
Through the Ever Night, que tem previsão de lançamento para o segundo semestre deste ano.
Para os fãs de distopias com uma grande dose de ação, e uma pitada de romance,
Never Sky é um livro que você precisa ter na estante.
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Capa americana do primeiro e segundo volume. |