[Resenha] O Jantar - Herman Koch

Livro: O Jantar
Autor: Herman Koch
Editora: Intrinseca
Número de páginas: 256
Classificação: 4,5/5

Minha Opinião:
"O dilema que eu enfrentava no momento era um que todo pai enfrenta mais cedo ou mais tarde: você quer defender seu filho, claro, quer protegê-lo mas não pode fazer isso com muita veemência, e acima de tudo não com muita eloquência - você não pode encurralar o outro. os educadores, os professores, permitirão que você fale, mas depois irão se vingar do seu filho."
Fui imediatamente fisgada pela sinopse deste livro, que prometia uma leitura recheada de tensão. Aprecio thrillers psicológicos, e assim que o exemplar chegou comecei a folheá-lo ainda no portão de casa, e terminei em dois dias. Geralmente, costumo classificar um livro como ótimo, quando o autor consegue fazer com que eu sinta ódio, raiva, amor, empatia, ou qualquer outro sentimento genuíno por algum personagem ou pelo enredo. Koch conseguiu elevar meus sentimentos a um novo patamar.


O Jantar é narrado por Paul, irmão de Serge Lohman, candidato a primeiro ministro que mantém sempre um sorriso no rosto.
Paul e Serge, acompanhados de suas respectivas esposas, se encontram em um restaurante da moda para decidir sobre o futuro de seus filhos. No começo Paul age com indiferença, e até uma certa dissimulação sobre o ato que seu filho e o sobrinho teriam cometido.
Eles iniciam o tenso jantar sobre trivialidades, como os filmes que estão em cartaz, e sobre suas férias de verão. Conforme o prato principal vai sendo servido, Serge chega no cerne da questão, e a partir daí a conversa ganha contornos cada vez mais obscuros. Até onde cada pai iria para defender seu filho?

A narrativa me fisgou na primeira linha. É visível a habilidade que o autor tem em engabelar o leitor durante o enredo. Até as partes onde Paul narrava sobre a mania azucrinante que o gerente tinha de apontar para cada prato com o dedo mindinho, e explicar sobre cada alimento, se tornam interessantes, e eu não conseguia deixar o livro de lado. Me peguei o tempo todo aflita para saber aonde aquela história iria dar (se eu roesse unhas, teria acabado com todas as 10 ao mesmo tempo).
Em nenhum momento no início, o autor deixa claro o que os meninos fizeram. Fiquei pensando em diferentes teorias, e errei todas.

Paul é um narrador nada confiável, por assim dizer. Comecei acreditando em cada palavra e frase que ele proferia, mas conforme os fatos eram expostos, cada vez menos eu confiava nele.
Serge é pintado como se fosse a ovelha negra da família, um manipulador pedante que faz tudo pelo bem da sua campanha política. Mas será que ele ficaria calado após saber o que o filho tinha cometido?
Conforme as páginas avançavam, Paul esclarecia um pouco mais do seu passado, e qual ato terrível seu filho  e o sobrinho tinham cometido.
A reação inicial foi choque. Logo depois eu senti medo. Medo em ver como o ser humano é capaz de banalizar a vida humana. Fui acometida por um grande sentimento de descrença. Será que existem pessoas como Paul, Claire, Michael e Rick? É lógico que sim, mas eu prefiro tentar acreditar que não.

O enredo que começou com um um simples encontro, sofre uma reviravolta de deixar qualquer jantar indigesto. Eu não sei o que mais me deixou revoltada: se foi o ato em si praticado pelos meninos (que infelizmente é realidade nos nossos dias de hoje), ou se foi a forma como os pais protegem e tentam justificar tal ato.
Como sou mãe, não pude deixar de me questionar o tempo todo se eu passaria por cima dos meus princípios e crenças para defender meus filhos. Agora eu tenho certeza que não.

O Jantar foi uma leitura que me deixou perplexa, indignada e revoltada. No final, a frase: "tal pai, tal filho" ficou martelando na minha mente. Até que ponto os pais são responsáveis pelas atitudes dos filhos? Minimizar e defender os filhos não seria uma maneira de encorajar um comportamento errado?
Cru, realista e provocante. Um livro que vale a pena ser devorado.


18 comentários:

  1. Parece ser um livro interessante, mas não faz muito meu estilo.
    Beijo,
    Nic

    ResponderExcluir
  2. Nunca tinha escutado falar no livro, mas já me convenci de que quero lê-lo. Um livro que consegue mexer conosco dessa forma merece ser lido mesmo, e estou curiosa pra saber o que foi que os meninos fizeram.

    Um beijo
    http://escolhasliterarias.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  3. Amiga, gemula, chefita, girafita, rsrsrs
    Definitivamente você é sado.. literariamente pelo menos, meu pai, classificar em ótimo se fizer sentir ódio, raiva, etc..r?! Tah, também classifico assim, mas não gosto de sentir dor, geralmente choro muito rs
    Que capa ridiculamente feia é essa???
    Ainda bem que o enredo cmpesou ela!
    Será que quero ler esse livro, tenho dúvidas.rsrrsrs
    Beliscões carinhosos da Máh ~~♥
    Cantinho da Máh
    @Maaria_Silvana

    ResponderExcluir
  4. Opa! Direto pra listinha de livros que preciso ler. Também fui fisgada logo na sinopse e sua resenha me deixou com mais vontade ainda de ler. Adoro livros assim!

    Beijos, Entre Aspas

    ResponderExcluir
  5. Oie!

    Não conhecia o livro e confesso que vc me deixou curiosa para saber o que eles fizeram. Vontade de ir correndo ler.

    Beijos*

    ResponderExcluir
  6. Olá Jaqueline!
    Adorei a sua resenha!!
    Essa é a primeira vez que ouço falar sobre esse livro, e confesso que me interessei muito! Parece ser aqueles livros que realmente nos ensinam algo. Que não é inútil.
    Esse é um tema polêmico, no qual estou louca para adentrar!
    Beijos,
    Ana M.
    http://addictiononbooks.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  7. Nossa, quero esse livro pra ontem!
    Assim como você, eu adoro thrillers psicológicos e também acho que os filhos dependem muito dos pais, em termos de formação de caráter.
    Sem falar que adoro quando um livro é realista e provocante, bem direto mesmo.
    Ainda não tinha ouvido falar, mas com certeza vou ler na primeira oportunidade.

    Beijitos

    ResponderExcluir
  8. Olá Jacque!
    Sou fã de thrillers podem ser eles psicológicos ou não. Não conhecia esse livro ainda, mas o fato de ele ter te deixado perplexa, indignada e revoltada é um ponto fortíssimo. Fiquei querendo ele agora mesmo. (=

    Agora, preciso dar um super parabéns para esse layout, ficou lindão, Jacque!

    Lucas - Carpe Liber
    http://livrosecontos.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  9. Oi Jaque, este não é bem meu estilo de livro, e não gostei muito dessa capa, então no momento eu não leria, estou numa fase de ler os que mais desejo e to tentando finalizar algumas séries..
    Seu no Layout está lindo!!
    Parabéns!!


    beijos mila
    http://www.dailyofbooks.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  10. Oi Jac,
    Depois de ler duas frases da sua resenha já queria ir atrás do livro, nossa amo quando um livro tem a capacidade de nos deixar viciadas. Mesmo sendo chocante estou super hiper mega curiosa para conferir a leitura. Afinal quero saber tudo que eles fizeram. E bem por mais que eu amasse um filho, um pai ou um irmão, não aprovo situações erradas....o amor serve para corrigir e ensinar o correto também, não sei o que eles fizera, mas se foi grave assim, esses pais somente seriam pai se corrigissem seus filhos. Excelente resenha...\o/...beijokas elis!!!!
    http://amagiareal.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  11. Nossa Jacque, mas que livro heim?
    Anotei aqui pra pedir de presente de natal, eu não sou leitora assídua de trilhers mas essa sua resenha me deixou com a pulga atrás da orelha de curiosidade, quero ler toda a história ^^

    Quero elogiar o layout do MBL, que coisa mais linda e fofa ficou, todo clean e gostoso de olhar, ficou a sua cara Jacque. Amei!

    Beijão
    Vivi
    Razão e Resenhas

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oie amiga, este livro vai te fazer virar fã do gênero rs
      obrigada

      Excluir
  12. Oi Jacque, pra começar preciso dizer o quanto seu novo lay ficou lindo. Adorei!
    O livro parece ser incrível, sua resenha me deixou bastante curiosa. O que será que esses garotos fizeram?
    Ensinei durante algum tempo no ensino fundamental e percebi, quando os pais vinham as reuniões, que os filhos eram seus reflexos, o que nem sempre significa que é algo bom.

    Beijos
    Caline - Mundo de Papel

    ResponderExcluir
  13. Gostei da resenha Jacque. O Jantar parece ser um livro bem intenso e arquitetado e, de certa forma, me lembrou um pouco o enredo de Precisamos Falar Sobre o Kevin. Ah, parabéns pelo novo layout! Lindo demais! Beijo!

    www.newsnessa.com

    ResponderExcluir
  14. adoro livros assim, com uma história cheia de mistérios, mas que principalmente tem reviravoltas e nos causa uns sentimentos negativos como ódio, mal-estar e indignação.
    só achei que a resenha está com uns "quase-spoilers" mas tudo bem.

    ResponderExcluir
  15. Adorei a resenha, Jacque!
    Terminei de ler esse livro na sexta passada (amanhã tem resenha!) e também me senti como você, horrorizada pelas atitudes dos garotos e ainda mais pela dos pais. Imagino que deva ser um grande dilema se colocar na posição dos pais, uma dúvida imensa entre "o que deve ser feito" e "o que fazer para proteger o filho". Claro que quero pensar que eu faria o certo, o que tem que ser feito, mas, sinceramente, não dá para prever. É o tipo de situação em que só sabemos que atitude tomar no momento em que ocorre.
    E o Paul me enganou direitinho, safado!
    Um livro maravilhoso, com certeza!
    beijo

    ResponderExcluir

Fique a vontade para comentar.Será muito bom saber o que você pensa...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...