Autora: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 378
Classificação: 4/5
Minha opinião:
Jojo Moyes estudou jornalismo e foi correspondente do jornal The Independent por dez anos. Publicou seu primeiro livro em 2002, e desde então dedica-se integralmente à carreira de escritora.
Após um acidente de carro, Jennifer Stirling perde a memória e não consegue de lembrar de que é casada. Sua mãe e o próprio marido, se recusam a responder as perguntas sobre o acidente.
Resignada a conviver com um homem que lhe parece "estranho", Jennifer volta para sua casa, tentando recuperar a memória ou fragmentos da vida que possuía antes do acidente.
Procurando resgatar algum vestígio da "antiga" Jennifer, decide então arrumar seu armário e acaba encontrando algumas cartas de amor endereçadas a ela, assinada apenas por "B". Ao ler as cartas, percebe que antes do acidente estava vivendo um relacionamento fora do casamento, e parecia disposta a largar tudo pelo amante.
43 anos após, a jornalista Ellie Haworth encontra no arquivo do jornal onde trabalha, uma carta endereçada a Jennifer. Comovida com a carta de amor escrita por "B" , torna-se então obcecada em descobrir quem seriam os protagonistas da história, e imagina se a mesma teve um final feliz.
" Quando você me olhava com aqueles olhos ilimitados, deliquescentes, eu me perguntava o que você podia ver em mim. Agora sei que isso é uma visão tola do amor. Você e eu não podíamos deixar de nos amar, assim como a Terra não pode parar de girar em torno do sol" (pág. 128)
Quando vi que este livro seria lançado fiquei toda animada com a capa, mas não tanto com a sinopse. Explico: não curto ler histórias com adultério. Sou casada e não consigo imaginar como um romance fora do casamento pode ser feliz. Mesmo que tenha felicidade entre os amantes, fico pensando na infelicidade do traído. Mas o livro é muito mais do que isso. Intenso seria a palavra certa para o descrever. Deixei de lado meus conceitos e me entreguei a história muito bem montada por Jojo Moyes.
No começo, temos o foco na vida de Ellie, uma jornalista prestes a completar 32 anos que vive um relacionamento com um homem casado. Ela sempre colocou a carreira antes do plano: marido-filhos e o caso com John parece satisfazê-la. Mas quando encontra aquela que seria a última carta de amor de um homem para a sua amante, Ellie começa a questionar sua vida sentimental. Será que John a ama? Ele largaria sua esposa por ela? Qual seria o futuro para o relacionamento deles?
Após, voltamos quase 50 anos no tempo e conhecemos a história de Jennifer. O capítulo nem sempre começa situando em que ano estamos, porém, é possível compreender perfeitamente qual época está sendo abordada. O livro é dividido em três partes, e na última parte é quando a vida das duas mulheres se cruzam.
Jojo conduz magistralmente esse romance de amor pelos tempos, conectando uma história a outra, de forma que a todo tempo faz o leitor imaginar um final, para logo depois surpreendê-lo com uma reviravolta.
Ao mesclar ficção com realidade - como a crise do Congo, o machismo dos anos 60 e a abominação com a qual o divórcio era visto - Moyes traça um cenário perfeitamente agradável, onde ficamos presos nas garras desse incrível e grandioso romance.
Todos os personagens possuem uma personalidade bem delineada. Particulamente, me afeiçoei a Yvonne, amiga de Jennifer, que era muito leal e direta e não hesitava em dar conselhos sinceros.
Algumas atitudes de Jennifer me irritaram bastante, e por isso não classifiquei o livro com 5 estrelas. A personagem me pareceu um jovem completamente perdida, que precisou casar com o rico empresário para manter um padrão de vida que seus pais consideravam "adequado". Não posso entrar em detalhes para não entregar a história, mas senti que ela foi fria e cruel em várias vezes com os sentimentos do amante e do marido. Seu envolvimento com o amante me pareceu instantâneo, mas em se tratando de uma mulher casada, a rapidez com a qual o amor deles evoluiu se tornou justificável. As cartas que ele escreve são apaixonantes, esfuziantes e repletas de um sentimentalismo que raramente vemos os homens expondo.
Ellie foi a personagem que eu mais me identifiquei durante a leitura, e também a que mais amadureceu ao longo da história. Ela tenta salvar sua carreira e conseguir uma boa matéria para não perder o emprego, e vive tentando decifrar as mensagens que seu amante envia, procurando algum significado por trás das palavras abreviadas. Foi interessante observar o contraste das duas épocas: onde em 1960 existia o romantismo das cartas e o uso de palavras mais rebuscadas para expressar o sentimento do amante; e em 2003 os simples torpedos com mensagens curtas e sem qualquer emoção, enviados a Ellie.
Mesmo sendo narrado em terceira pessoa, o livro consegue transmitir muita emoção. Os encontros e desencontros dos personagens fizeram meu coração bater mais forte.
No início de cada capítulo há um trecho de uma última carta, torpedo ou e-mail verídicos, que destaca o modo repentino e brusco com o qual as pessoas terminam seus relacionamentos hoje em dia. O desfecho foi totalmente inimaginável , e embora não tenha chorado, me arrepiei inteira conforme a história encaminhava-se para o seu final.
A última carta de amor foi um romance intrigante e inquietante, que me deixou acordada madrugada adentro para saber o que aconteceria com os "amantes desafortunados". Totalmente recomendado.