[Resenha] O Jogo de Ripper - Isabel Allende

Livro: O Jogo de Ripper
Autora: Isabel Allende
Editora: Bertrand
Número de páginas: 486
Classificação: 4/5

Minha Opinião:

Isabel Allende iniciou sua carreira literária como jornalista no Chile e na Venezuela. Seu primeiro romance, A casa dos espíritos, tornou-se um dos títulos míticos da literatura latino-americana.
O jogo de Ripper, marca a estreia da autora no gênero romance policial, e exigiu meses de pesquisa sobre o universo do RPG.
Eu estava bastante ansiosa para conhecer a escrita da autora, e não me decepcionei.


"Minha mãe ainda está viva, mas ele vai matá-la na Sexta-feira Santa, à meia-noite", disse Amanda Martín ao inspetor-chefe, e o policial não a contestou, porque a garota vivia dando provas de que sabia mais do que ele e tordos os seus colegas do Departamento de Homicídios."
5 participantes de diferentes países, reúnem-se via skype para jogar Ripper, um jogo de RPG que consiste em decifrar os enigmas por trás de diversos crimes fictícios. Quando vários homicídios em São Francisco ganham destaque na mídia, os participantes decidem investigar o mistério por trás das estranhas mortes. Amanda - a mestra do jogo - conta com a ajuda do seu avô, e também de informações cruciais fornecidas pelo pai, o inspetor da Divisão de Homicídios, para desvendar qual seria a ligação entre as vítimas. Quando a mãe de Amanda se torna a próxima vítima, eles precisarão correr contra o tempo, e solucionar o mistério o quanto antes.

Sempre tive curiosidade em conhecer as obras da autora, que são muito elogiadas no Brasil e em outros países. Achei interessante o fato dela se aventurar em um estilo totalmente novo, graças a sugestão de sua agente. A aventura deu certo.
Devo dizer que não sou familiarizada com o jogo de RPG, mas percebe-se que a autora fez sua lição de casa perfeitamente. A apresentação do jogo é fascinante. Me lembrou da época na minha remota adolescência, em que eu bancava a detetive jogando Carmen Sandiego no computador da escola (e decorava a bandeira de todos os países). E quem não gosta de bancar o detetive? Só que aqui os participantes acabam investigando crimes reais, que é quando a coisa começa a ficar séria.

Allende traz uma trama recheada de tensão, onde seus personagens se destacam pela riqueza de detalhes com a qual nos são apresentados.
Amanda é a responsável pelo jogo, e é movida pelo vício em crimes sinistros, e nas horas vagas adora estudar sobre as motivações de um serial killer. Nem preciso dizer que super me identifiquei com ela.
O grupo de jogadores é formado por um time bastante eclético, e cada participante possui uma diferente contribuição para o jogo, cada um elucidando o crime à sua maneira.
Enquanto a maioria dos romances policiais trazem detetives, policiais, e até legistas na linha de frente para resolver os crimes, Isabel ousou em abordar o universo do RPG. É evidente que as descobertas que eles realizam só se tornam críveis graças a ajuda do avô de Amanda, que através do ex-genro tem acesso aos relatórios da polícia. Inclusive, a relação da neta com o avô é a coisa mais linda de se ver.

Embora sua narrativa seja repleta de minúcias, a leitura é fluída. Há diversas nuances interessantes em seus personagens, uma vez que Isabel gasta um tempo significativo construindo passado e presente de cada um, levantando várias suspeitas ao longo do livro.
De todos os personagens, a caracterização do navy seal, Ryan Miller, me surpreendeu pela profundidade. A narração de sua incursão na fronteira do Paquistão, junto com o seu fiel cachorro Atila, foi emocionante.
O Jogo de Ripper me surpreendeu no quesito construção do serial killer. Eu até cheguei a suspeitar do assassino por eliminação, mas jamais imaginaria a motivação por trás dos crimes. Foi brilhante. Para dar um toque angustiante, Allende ainda traz no desfecho a narração do assassino em primeira pessoa.

O thriller muito bem montado de Allende me surpreendeu, e prendeu minha atenção do início ao fim. Não posso afirmar que é uma leitura que irá agradar a todos, já que o ritmo é bem lento, mas garanto que quem der uma chance não irá se arrepender.

8 comentários:

  1. Desde a primeira vez que vi esse livro fiquei curiosa,
    para começar a garota da capa é idêntica a uma amiga minha, além disse o mistério e o suspense sempre me atraíram, ainda não li nada da autora, mas desejo ler esse.

    http://soubibliofila.blogspot.com.br/

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  2. Logo que vi esse livro e li sua sinopse fiquei interessado.E vejo alguma pessoas falando muito bem a respeito dele.E essa capa é muito maneira,comum ar de mistério e suspense.Não conheço a autora,mas assim que puder tentarei ler esse livro.

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  3. Não conhecia o livro e nem a autora, mas se tem mistério e investigação eu já gostei. Dica anotada!!

    *bye*
    http://loucaporromances.blogspot.com.br/

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  4. Oi Jacque!
    Não conhecia a autora, mas como você citou que ela é conhecida me assustei. Adoro esse gênero que ela escreve, apesar de não ser muito fã de RPG. Mas você falou que ela fez a lição de casa e passa para o leitor tudo que ele precisa. Nossa fiquei muito curiosa. Mesmo, vou anotar aqui.

    Beijos, http://porredelivros.blogspot.com.br/

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  5. Nunca joguei RPG, mas achei interessante um livro com isso. *-*
    Espero poder ler o livro, fiquei bem curiosa quanto a trama, ainda mais sabendo que a autora é tão bem elogiada!

    apenas-um-vicio.blogspot.com.br

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  6. Não conhecia a autora, nem esse livro, mas fiquei bem curioso pois adoro um ótimo romance policial.
    Gostei desse ter personagens diferentes com uma boa base por trás deles.
    E o melhor é esse capítulo narrado pelo próprio serial killer - loucura total!

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  7. Já li A casa dos espíritos da autora por causa do filme e gostei bastante da escrita dela. Achei essa história bem interessante. também não sou muito inteirada no assunto, mas já que autora explicou tudo direitinho acho que não faz diferença. Me interessei e anotei.

    Blog Prefácio

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  8. Oi Jacque!
    Eu também tenho bastante vontade de conhecer a obra da Isabel Allende. A única coisa que eu conheço é "A Casa dos Espíritos", mas só pelo filme.
    Viciada em suspenses como sou, nem preciso dizer que me interessei por "O Jogo de Ripper", né? Mas confesso que fiquei com um pé atrás quando descobri o livro. Não sei..uma autora já tão conceituada se jogar em um gênero tão diferente, me causou estranheza, mas minha opinião mudou agora que li os seus comentários. Talvez até seja bom começar a ler a autora por esse livro e não tem como base suas narrativas anteriores que devem ser bem diferentes..
    O que eu mais gostei de saber foi que a construção do serial killer surpreendeu você. Quando se lê muitos livros do gênero (como é o meu caso), fica cada vez mais difícil encontrar isso...
    Beijos
    alemdacontracapa.blogspot.com

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