[Resenha] Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo - Benjamin Alire Sáenz

Livro: Aristóteles e Dante descobrem os segredos do Universo
Autor: Benjamin Alire Sáenz
Editora: Seguinte
Número de páginas: 389
Classificação: 3/5
Sinopse: Dante sabe nadar. Ari não. Dante é articulado e confiante. Ari tem dificuldade com as palavras e duvida de si mesmo. Dante é apaixonado por poesia e arte. Ari se perde em pensamentos sobre seu irmão mais velho, que está na prisão. Um garoto como Dante, com um jeito tão único de ver o mundo, deveria ser a última pessoa capaz de romper as barreiras que Ari construiu em volta de si. Mas quando os dois se conhecem, logo surge uma forte ligação. Eles compartilham livros, pensamentos, sonhos, risadas - e começam a redefinir seus próprios mundos. Assim, descobrem que o amor e a amizade talvez sejam a chave para desvendar os segredos do Universo.


Minha Opinião:

Dessa vez optei por trazer a sinopse do livro, pois se eu fosse tentar resumir um pouco a história, acabaria entregando importantes pontos sobre o enredo, e estragaria toda a surpresa. Aristóteles e Dante descobrem os segredos do Universo, não é nada do que imaginei. O engraçado é que não tinha expectativas sobre a leitura. Simplesmente o escolhi pela linda capa, e pelo que eu imaginava que seria o assunto abordado. Essa resenha foi muito difícil de escrever. Talvez porque a obra seja muito elogiada, e possua a maioria das classificações positivas, ou pelo fato de ter achado a história bem mediana.

"Minha mãe e meu pai deram as mãos. Imaginei como era - como era segurar a mão de alguém. Aposto que às vezes é possível desvendar todos os mistérios do Universo na mão de uma pessoa"

Pra começar, vários pontos me incomodaram durante a leitura. Um deles foi o próprio Ari. Tudo bem ele ser um adolescente introspectivo, e devanear a maior parte do tempo sobre o irmão preso, mas tantos pensamentos depressivos me incomodaram. Sem contar que ele era chato e pedante com seus pais, em especial com a mãe. Como a narração é feita em primeira pessoa, por Ari, aceitei que passaria metade da leitura acreditando (ou torcendo) que em algum momento ele iria mudar.
Quando ele conhece Dante é que as coisas melhoram um pouquinho. Os dois são tão opostos, que essa diferença giga na personalidade é o que equilibra o enredo. Dante é expansivo, confiante, seguro de si, enquanto Ari mais parece uma bússola com defeito sem saber para onde apontar, ou qual direção escolher.

A narrativa gruda que nem chiclete. Me peguei devorando as páginas, mesmo impaciente com o jeito complexado de Ari, no estilo: ninguém me ama, ninguém me quer.
Outro ponto que me incomodou, foram os diálogos monossilábicos. As maiorias das conversas entre eles eram assim, e no final eles riam feito duas hienas, por qualquer motivo. Algumas cenas e situações foram muito hollywoodianas pro meu gosto.
As personagens secundárias foram muito bem trabalhadas. Dá pra criar uma conexão com os pais de ambos, já que tanto os pais de Ari, como os de Dante, tem um papel de suma importância no caráter dos filhos. Enquanto os pais de Dante são compreensivos, afáveis e francos, os pais de Ari são mais retraídos até certo ponto.

"Outro segredo do Universo: às vezes, a dor era como uma tempestade que vinha do nada. A mais clara manhã de verão podia acabar em temporal. Podia acabar em raios e trovões."

Aliás, se tem uma coisa que me deixou com um sorriso de orelha a orelha, foi a forma como os pais de Dante - em especial seu pai - apoiavam as escolhas do filho e demonstravam seu amor através de beijos, abraços e declarações. Coisa linda de se ver. Inclusive, Dante salvou o livro de ser uma verdadeira decepção para mim. 
Por fim, não consegui engolir a mudança de pensamento de Ari. E mais ainda, não soou convincente o discurso que o seu pai faz já no final, como se após aquele discurso, Ari tivesse de repente percebido o que já estava claro desde o início. Foi como se ele falasse: ah, ok pai, agora eu sei que sou assim só porque o senhor está me falando. Se fosse a mãe dele, eu até aceitaria, mas o pai que passa o tempo todo na dele, mal dirigindo a palavra ao filho? no way. Também foi difícil descer goela abaixo a compreensão do seu pai. Para o ano em que a história é ambientada, muitos conceitos não eram aceitos tão normalmente como hoje em dia.

Aristóteles e Dante não foi uma leitura difícil, e trouxe personagens marcantes (Dante <3), embora não tenha me feito chorar, ou ter sido uma história inesquecível. Benjamin foi feliz ao escolher uma abordagem delicada e crescente sobre autodescoberta e o amor.