[Resenha] A Bandeja - Lycia Barros

Livro: A Bandeja
Série: Despertar
Autora: Lycia Barros
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 240
Classificação: 3/5

Minha Opinião:

Lycia Barros chegou a cursar Letras na UFRJ e iniciou a carreira de escritora em 2010, com A Bandeja, que foi relançado esse ano pela Arqueiro.
Em 2013, o livro ganhou o prêmio Codex de Ouro na categoria melhor romance. Lycia tem outros 7 livros publicados.

Minha relação com os livros da Lycia sempre foi de muita curiosidade. Eu a conheci quando fui em uma tarde de autógrafos do livro A garota do outro lado da rua, e por conta da falta de tempo, somente agora tive oportunidade de conhecer sua escrita.
Eu nem sei bem dizer o que esperava do livro. Sabia que a trama tinha uma vertente cristã, mas confesso que fiquei um pouco decepcionada com a falta de um romance empolgante.
 A história é narrada em primeira pessoa, por Angelina, que aos 18 anos está prestes a sair de Petrópolis, e se mudar para a cidade grande para cursar Literatura.
Na república onde divide o quarto com uma colega desorganizada, ela se sente desanimada por estar perto de jovens tão diferentes, que frequentam festas e chopadas, enquanto ela foi criada em um lar evangélico. Além disso, os professores da universidade não parecem nada comprometidos com o trabalho, e as dependências do campus estão em condições precárias.
Somente quando conhece seu novo professor de linguística - Alderico - ela volta a se empolgar com a vida acadêmica, ainda que por pouco tempo. Rapidamente Angelina se vê atraída pela beleza do professor, e inicia uma relação intensa, que irá despertar os mais estranhos sentimentos.

Eu comecei a ler o livro sem saber praticamente nada sobre a sinopse. Só tinha conhecimento sobre os sonhos de Angelina, onde homens apareciam oferecendo objetos em uma bandeja (daí o título).
É importante ressaltar o teor evangélico da obra. A história vai muito além da menina inocente que se apaixona pelo professor. As consequências das atitudes impulsivas de Angelina, é um retrato fiel de como algo tão bom e saudável como um namoro, pode se transformar em um tornado varrendo todo o princípio e amor próprio da pessoa.
"Claro que era Ele: Jesus, o meu cavaleiro protetor. Mas como podia ser? Eu estava tão errada diante das doutrinas que aprendi, tão...afastada de tudo que se referia a Ele. Como Ele podia me amar apesar de tudo que eu estava fazendo? "(pág.98)
A linguagem utilizada pela Lycia é bem jovial, utilizando recursos como mensagens no facebook, e e-mails, o que deixou a trama mais dinâmica. Também temos algumas passagens bíblicas, o que serviu para contextualizar a fé dos personagens. Sua forma de falar sobre as crenças dos personagens é bem sutil e abrangente. Não pense que este é um livro para "pregar", ou ressaltar alguma religião. A "lição" aprendida por Angelina é algo universal, e também independente de religião. Afinal, quem nunca deixou a emoção falar mais alto que a razão, e se arrependeu depois?

Como cristã, eu estava super familiarizada com os princípios que os pais de Angelina transmitiram, então não foi uma surreal encontrar personagens com anseios bem diferentes das jovens de hoje, como se manter virgem até o casamento. O problema todo, é que a protagonista em nenhum momento transparecia ser evangélica por opção. Ler a bíblia, se manter afastada de festas e das tentações, mais parecia uma obrigação para Angelina. E isso fica claro com as suas atitudes, e comportamento nada condizente com os de uma pessoa cristã.


Quando ela se apaixonou por Rico, achei que minha simpatia fosse crescer, mas não foi bem assim. Logo que eles começam a sair, Angelina fica tão sem personalidade, que até uma criança de 10 anos teria mais discernimento do que ela. Ela faz de Rico o centro de seu mundo, e a dependência nada saudável começa a degringolar para um comportamento imaturo. Fora a sua instabilidade emocional: uma hora ela amava e endeusava o homem, na outra ficava com raiva, ficava depressiva por passar dias longe dele, dizia que não ia mais ceder aos encantos dele, e no dia seguinte estava lá perdoando seus deslizes e indo pra cama com ele. Eram tantas variações, que eu parecia estar em contato com uma personagem diferente a cada página. Ela era volúvel demais pro meu gosto.
"Minha mente conclamava: corra! E o meu corpo bradava: entregue-se! Eu queria surrar a minha carne por ser tão fraca. Por que ele tinha que ser tão absurdamente atraente? Eu me sentia sugada." (pág.110)
Já insatisfeita com a personagem insossa, foi difícil me envolver com o restante da história. As partes pseudo-românticas até foram empolgantes (culpa do Rico), mas não o suficientes para me manter vibrando e torcendo pelos personagens. Senti falta de um romance propriamente dito, com direito a frases fofas, e corações palpitando, já que o relacionamento de Rico e Angel é quase que totalmente carnal. Nem a chegada de Dante, amigo de Angelina, conseguiu me empolgar.
A mudança repentina da colega de quarto dela também me deixou desconfortável. Não que uma pessoa não posso deixar maus hábitos da noite pro dia, mas do jeito que foi abordado não foi o suficiente para me convencer.
Não consegui odiar Rico. Foi mais forte que eu. Por esse motivo detestei o desfecho. Assim que finalizei a minha leitura, fui pesquisar sobre os próximos volumes, e descobri que o próximo livro da série - Entre a mente e o coração - será focado na história de Rico, e a curiosidade para saber como será a mudança de vida dele, me deixou muito curiosa, e com certeza irei ler.

A Bandeja tem um plot muito bem desenvolvido, mas a caracterização dos personagens não funcionou pra mim. Como sempre digo, é bom sempre ler para tirar suas próprias conclusões.

8 comentários:

  1. É bom ver que os escritores nacionais estão cada dia mais se superando. A história do livro é muito boa, deu vontade de ler ! ^^

    Rodolfo

    http://atributosdeverao.blogspot.com.br/

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  2. Olá, Jacque.
    Confesso que o livro só pela capa não me chama muita atenção,.
    Sinto muito por a história não ter sido tão legal e a personagem principal ter te irritado muito em certos pontos. Enfim, já não me sentia atraído para ler o livro, agora acho que vou passar longe.
    Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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  3. Oi Jacque, tudo bem?
    Eu nunca li nenhum livro da autora, e independentemente de religião, esse livro não tem agradado muito. Confesso que nunca me chamou a atenção, nem mesmo quando eu não sabia do que se tratava.
    Uma pena mesmo.
    mas gostei da sua resenha, você argumentou bem sua opinião.
    beijinhos
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  4. Oi Jacque

    Sempre li muitos comentários positivos sobre os livros da Lycia e confesso que nunca me empolguei a ler porque já imaginava que a história teria todos esses desdobramentos. Pelo visto, não é como Nicholas Sparks, por exemplo, que tenta colocar alguns valores cristãos na história, mas consegue segurar o ritmo e criar um bom romance. Eu achei que seria mais ou menos assim.
    Não é um livro que eu leria, não pela abordagem cristã, mas sim pela inconstância da personagem e as diversas falhas que você citou.

    Beijos
    Mundo de Papel

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  5. Oie Jacque =)

    Já li A Bandeja a algum tempo e apesar de ser uma narrativa diferente da qual estou habituada eu gostei bastante da história.

    Foi legal para sair da zona de conforto, mas não foi o suficiente para me chamar a atenção para ler a continuação.

    Ótima resenha!

    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  6. Oi Jac,
    Desde que abri o Obsession sempre leio comentários positivos sobre as obras da autora. Até me animo para ler algo dela e também fiquei curiosa para ler 'A Bandeja'.

    O problema é que eu odeio personagens que vivem em função do par nas leituras, já é motivo pra querer socar hahaha

    bjs e tenha uma ótima semana
    Nana - Obsession Valley

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  7. Olá, Jac.
    Eu gostei mais do livro que ficou, lendo sua resenha isso ficou bem claro, porém lendo sua perspectiva sobre a obra devo concordar com VÁRIOS pontos. Angelina é mesmo tudo isso que você disse, mas não consegui deixar de gostar da escrita da Lycia!
    Beijos.

    memorias-de-leitura.blogspot.com

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  8. Nunca gostei de livros que abrangessem qualquer teor religioso Jacque. Tenho parentes "cristão", e com aspas bem grandes que me fizeram sofrer demais e não tem muito tempo, hoje lido melhor com isso e consigo separar alhos de bugalhos mas pra mim esse livro foi um "desata nós" com perdão do trocadinho.
    Sério, gostei bastante da história e a cabeça mole da Angelina não me estressou, acho que sua crianção mais quieta fez com que ela meio que explodisse quando se viu solta, e logo no Rio de Janeiro. Achei normal, várias jovens passam por esses momentos de loucura e falta de amor próprio.
    Adorei sua resenha, como sempre adoro.
    Beijocas
    Vivi
    RR

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