[Resenha] Não se apega, não - Isabela Freitas

Livro: Não se apega, Não
Autora: Isabela Freitas
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 256
Classificação: 3/5

Minha Opinião:

Vez ou outra gosto de me arriscar em uma leitura que fuja completamente da minha zona de conforto. Foi exatamente o que aconteceu quando escolhi resenhar Não se apega, Não.
Não acompanho o blog da autora, mas viciei na coluna Diário da Isabela Freitas, onde ela começou falando sobre o processo de escrita do seu livro, no site blog das séries da Editora Intrínseca.
Eu estava curiosissíma para saber como Isabela iria mesclar as leis do desapego, com uma história de ficção, e o resultado foi um pouquinho decepcionante.

A narração é feita em primeira pessoa por Isabela (que não é a autora), que aos 22 anos decide terminar o namoro que todos julgavam ser perfeito. Ao colocar um ponto final no relacionamento de 2 anos com Gustavo, ela passa a colocar em prática as leis do desapego.

"Nós devemos ter mais autoconfiança, isso é um dos requisitos básicos para o sucesso em um relacionamento."

Pra começo de conversa, já vou avisando que com meus quase 30 anos, e um casamento de 9 anos com meu primeiro namorado, ficou complicado me identificar, ser solidária, ou mesmo entender as experiências da protagonista.
Isabela (a protagonista), é um poço de contradição. Do início ao fim. Dito isto, foi difícil engolir suas "frases de sabedoria", quando ela mesma não seguia seus próprios conselhos em determinados momentos. O tempo todo ela afirmava sobre o desapego, só que ao reencontrar o ex, não perdia a oportunidade de tecer um comentário (na maioria das vezes maldoso) sobre ele. Que desapego é esse?
Achei Isabela muito imatura (o que foi o ataque de birra com o pai?) para 22 anos. Se a idade fosse 15, 17 anos, algumas de suas atitudes até seriam aceitáveis.

Fiquei confusa com o fato da protagonista levar o mesmo nome que a autora. Eu não consegui desvencilhar a imagem de que a Isabela da ficção era uma espécie de alter ego da Isabela da vida real. Vencido meu preconceito com a personagem, confesso que sua vida amorosa é bem interessante e divertida. Sim, eu ri em diversas passagens, e me flagrei virando frenéticamente as páginas para saber o que iria acontecer. Sobre os outros personagens, só digo isso: queria ter um amigo como o Pedro (<3).

A proposta inicial foi até bacana. Um livro de autoajuda, sem cara de livro de autoajuda. A narrativa é leve, e jovial, apesar da falta de descrições me incomodarem um pouco.
Ao mesclar conselhos, com uma história de ficção, Isabela (a autora), tornou a leitura bem dinâmica, e sem aquele texto cercado de marasmo que geralmente encontramos em livros do gênero. Mas, no final fiquei com a sensação de que se ela focasse apenas em uma linha de raciocínio, a leitura seria mais proveitosa.
O desfecho foi típico quando temos aquela brecha para uma continuação.

"Você nunca vai ser feliz se não se permitir. Não se apega, não. Desocupe lugares. Incinere o velho para abraçar o novo. O passado só existe em fotografias, as pessoas mudam, o coração cicatriza. Aquele que se recusa a mudar se recusa a ser feliz."

A edição gráfica está lindíssima. Vale a pena passar na livraria e conferir o trabalho da diagramação, que traz o início dos capítulos com cores bem vivas, e frases no estilo do twitter.
No saldo final, achei o livro mediano. Tem alguns quotes muito interessantes, e lições que podemos levar para outro campo da nossa vida, fora o relacionamento. Afinal, quem nunca se apegou a algo que acreditava ser essencial? livros, amizades, roupas que já não nos servem mais...Nunca é tarde para praticar o desapego.