[Resenha] Um salto para a felicidade - Sara Gruen

Livro: Um salto para a felicidade
Autora: Sara Gruen
Editora: Record
Número de páginas: 383
Classificação: 3/5

Minha Opinião:

Eu decidi ler esse livro devido a minha experiência anterior com a autora, onde Água para elefantes se tornou meu favorito.
Um salto para a felicidade também traz uma história envolvendo algum animal, dessa vez um cavalo.
O que mais me encanta na narrativa de Sara, é a carga emocional com a qual ela apresenta sua trama. Seus personagens sempre exalam um carinho especial e sincero pelos bichos, e a forma como esse amor é explorado sempre me emociona. Por mais que o início tenha sido empolgante, do meio para o fim tudo desandou, e culminou em uma boa leitura, sem ter se tornado espetacular ou marcante o suficiente.

Annemarie Zimmer tinha uma carreira e tanto pela frente como hipista de nível internacional. Suas chances de disputar uma Olimpíada acabam os 18 anos, quando ela sofre um terrível acidente com o seu amado cavalo Harry. Após Harry ter sido sacrificado por conta dos graves ferimentos, e passar 15 meses internada com graves fraturas nas vértebras C2 e C3, ela desiste de competir e montar qualquer outro cavalo.
20 anos se passam, e Annemarie lida mais uma vez com reviravoltas imprevisíveis: ela é demitida do emprego, é abandonada pelo marido que a troca por uma mulher 15 anos mais nova, sua filha é expulsa da escola, e seu pai sofre de ELA (Esclerose lateral amiotrófica).
"Então fico de pé na frente do espelho de corpo inteiro e me dispo (...) Olho para meu rosto; um bom rosto, embora tenda à rigidez se eu não prestar atenção (...) o rosto de uma mulher que deveria ter chegado aonde desejava. Mas não. É o rosto de uma mulher sem emprego, sem marido e com uma casa que parece tudo, menos um lar. A única coisa que me resta é uma filha, e, se eu não fizer alguma coisa rápido, tenho a sensação que vou perdê-la também."
Gruen definitivamente é uma escritora competente, tanto que sua prosa, diálogos e ambientação prendem a atenção do leitor desde a primeira página.
Já no início temos um salto no tempo de 20 anos para situar os acontecimentos da adolescência de Annemarie. Não sei se a apresentação rápida e descuidada de seu passado contribuíram, mas fiquei com aquela impressão de que em 20 anos a protagonista não amadureceu ou mudou muita coisa, e de que seu acidente teria rendido muito mais emoção do que o enredo que se seguiu.

De volta ao haras de seus pais, a protagonista precisa lidar com as dificuldades do presente, sempre relembrando os traumas do passado. Daí, eu logo pensei que teríamos pela frente uma emocionante história sobre recomeço e autoafirmação, e no começo até temos um vislumbre das tentativas de Annemarie em reconstruir sua história.
Eu diria que o problema todo da trama, é a apatia com a qual a protagonista lida com os obstáculos que surgem. Primeiro ela tem a oportunidade de se reconciliar com seu pai, que foi autoritário e rígido durante toda a sua adolescência, e de quem ela se afastou quando se casou aos 19 anos. A doença do pai seria uma ótima chance para ela se aproximar, e voltar a criar vínculos, se ela não passasse a metade do tempo fugindo do pai, por não suportar vê-lo preso a uma doença que rouba sua capacidade de engolir, falar, e se mover.
Depois ela recebe a missão de administrar o haras, e falha miseravelmente por não admitir seu fracasso, e também utilizar de muita arrogância com os clientes.

A interação com sua mãe, é igualmente inexpressiva, o que só me fazia vê-la como uma péssima filha. Mas como dizem, o castigo vem a galope, e o castigo de Annemarie foi ter uma filha duplamente pior do que ela. A menina era um pé no saco.
Eu já estava desmotivada de acreditar que em algum momento da história, Annemarie tivesse algum insight sobre como lidar com todos esses problemas.
Ok, admito o mérito da autora criar uma personagem falha e humana (até demais), só que o amadurecimento veio tarde demais, quando nem eu mesma já esperava alguma reviravolta no futuro de Annemarie.
Sobre a tentativa de romance, nem vou comentar. Dan era bonitinho e complacente (até demais 2) com Annemarie, mas o momento que ela escolheu para expor toda a paixão por ele, acabou tirando a emoção de uma cena que deveria ter sido o ponto alto do livro.

Se tem uma coisa que Gruen sempre acerta, é o tom na hora de escrever sobre animais, e a paixão de seus personagens por eles. Eu não sabia nada sobre hipismo ou cavalos, mas ficava encantada com as descrições, e o carinho de Zimmer por Harry, e Hurrah.
Um salto para a felicidade poderia ter extraído muito mais emoção de seus personagens, se a autora não estivesse tão preocupada em expor os defeitos de sua protagonista.

7 comentários:

  1. Ei Jacque,
    Água Para Elefantes também é um dos meus livros favoritos, não tenho nem palavras para descreve-lo. Mas, ainda não sabia desse livro, vou anotar a dica mesmo que o livro não tenha sido tão bom quanto APE e quando for comprar, já compro A Casa dos Macacos dela tbm. (;

    Lucas - Carpe Liber
    http://livrosecontos.blogspot.com.br/

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  2. Ainda não li nada da autora, mas pela sua resenha, é melhor eu não começar por esse e sim por Água para Elefantes rsrsr
    Bjs
    Amanda Nery
    www.leituraentreamigas.com.br

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  3. Oi Jacqueline! Eu nunca li Agua para Elefantes, eu só assisti o filme e gostei muito *-* que pena que você não gostou tanto desse, espero que a sua próxima leitura seja melhor ^^ beijos! http://www.trocandodisco.com.br/

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  4. Oi Jacque, tudo bem?
    Eu ainda não li água para elefantes, e nem sei de fato o porquê. Mas este livro particularmente não me chamou muito a atenção. Ficaria com vontade de dar uns safanões nessa protagonista nas primeira páginas. Então acho que não daria muito certo não. rsrrs Mas a dica esta anotada, pois apesar de tudo, amo livro com animais.
    Abraços,
    Amanda Almeida
    Você é o que lê

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  5. Oi Jacque

    Li Água para elefantes e lembro de ter gostado bastante da narrativa da Sara e ambientação da história. O meu problema foi com o romance e parece que aqui aconteceu a mesma coisa.
    Um Salto para a felicidade me fez lembrar do filme Mergulho em uma paixão.
    Os pontos que ficaram a desejar pra você são suficientes pra que eu nem tenha vontade de arriscar.
    Personagem pé no saco não dá.

    Beijos
    mundo-de-papel1.blogspot.com.br

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  6. Não lembrava o nome da autora de Água Para Elefantes e antes de ler a sua resenha a capa não tinha feito eu me apaixonar.
    Mas quando você disse que é dela, já mudei de opinião.
    A escrita dela é ótima, emocional e delicada. Já quero ler esse também!

    Beijooooos

    www.casosacasoselivros.com

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  7. Talvez a protagonista não soubesse lidar tanto com outros seres humanos por que focou a vida em lidar bem com os animais, não será isso sua ineficácia em lidar com a família? Pensei nisso ao ler sua resenha...enfim.
    Preciso ler o livro pra provar essa minha "teoria". Adorei a resenha Jacque. Gosto da autora, dela só li "Água para elefantes" e a escrita me emocionou bastante. Acho que vou gostar muito desse pois adoro cavalos. Mas deixo claro, gosto deles soltos, odeio mal tratos com animais e sou contra esportes e uso de animais de tração em meios de transportes.
    Beijocas
    Vivi

    http://vivianeblood.blogspot.com.br/2014/11/resenha-ligeiramente-casados-mary-balogh.html

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