[Resenha] Tua - Claudia Piñeiro

Livro: Tua
Autora: Claudia Piñeiro
Editora: Verus
Número de páginas: 140
Classificação: 3,5/5

Minha Opinião:

Claudia Piñeiro nasceu na Grande Buenos Aires. É escritora, dramaturga, roteirista de televisão e colaboradora de vários meios de comunicação. Tua já teve cerca de cinquenta mil exemplares vendidos apenas em língua espanhola, foi traduzido em onze países e adaptado para o cinema.

Quis ler Tua simplesmente por ser uma ficção policial, e porque estava precisando de uma trama ágil. E foi exatamente o que encontrei. Apesar da rapidez com a qual terminei minha leitura, me incomodei muito com algumas atitudes da protagonista, e  somente por este motivo a classificação não levou nota máxima.

Na trama acompanhamos a vida de Inês, que ao encontrar um bilhete entre as coisas de seu marido - um coração desenhado com batom, escrito "Tua" - não se surpreende com a traição. Mas ao descobrir que o caso de Ernesto vai muito além do que ela imaginou, um plano de vingança começa a ser montado em sua mente.

"(...)Quando se é um casal, é preciso cuidar todos os dias, senão a convivência vai nos matando. Na verdade, até aquele momento ele nunca tinha me contado de Tua, algo compreensível, e eu agradeço. O que quer dizer que cuidou de mim."

Tua é daqueles livros feitos para serem lidos de uma vez só, em um só fôlego. Parte de sua agilidade deve-se a narração em primeira pessoa, que tem um ritmo bastante eloquente. O desenrolar da história também contribui para a rapidez na hora da leitura: os capítulos são curtos - de no máximo três páginas - e a protagonista não perde tempo com enrolações.

Claudia não faz grande malabarismo com sua obra. Com linguagem clara, objetiva e concisa, mergulhamos na mente de uma esposa amargurada e ressentida. E não faltam lamúrias e flashback.
Inês é o tipo de mulher dissimulada, que faz de tudo para salvar sua própria reputação e casamento.
O relacionamento é esmiuçado apenas do ponto de vista de Inês, mas isso não impede que o leitor crie uma imagem de como Ernesto a tratava.
O fator imprevisibilidade é o ponto chave da obra. Piñeiro brinca com os nervos do leitor, criando reviravoltas que aguçam a curiosidade para saber como seria o desfecho.

A subtrama também apresenta um ritmo empolgante. Acompanhamos a rotina da filha de Inês através de ligações de telefone, e capítulos contendo apenas diálogos.
O que eu não esperava era me irritar tanto com a protagonista. A princípio pensei que a postura dela diante da descoberta da traição seria bastante implacável. Porém, o que encontrei foi uma mulher disposta a tudo para manter as aparências. Inclusive, fingir-se de tapada. Porque não é possível. Tiveram várias cenas que eu pensei: agora ela vai se dar conta de que está sendo enganada, e logo em seguida ela se fazia de boba para viver.  Isso me dava nos nervos. Me peguei diversas vezes pensando que não era possível existir uma mulher tão tapada que não percebia o que estava acontecendo embaixo do próprio nariz.
Quanto a Ernesto. Um tremendo sacana é o que se pode dizer dele. E pior que tipos como o dele existem na vida real. O que não devia existir são "Inêses" da vida, que preferem se contentar com tão pouco,
O final foi espetacular. Terminei dando gargalhadas. Como dizem: vingança é um prato que se come frio. E Inês praticamente deixou esse prato no congelador.

Tua é um romance policial que mostra até aonde uma pessoa é capaz de ir para manter as aparências. Uma visão sincera e agridoce sobre um relacionamento conjugal fracassado. Recomendo.