[Resenha] Americanah - Chimamanda Ngozi Adichie

Livro: Americanah
Autora:  Chimamanda Ngozi Adichie
Editora: Companhia das Letras
Número de páginas: 513
Classificação: 4/5

Minha Opinião:

Chimamanda Ngozi Adichie nasceu em Enugu, na Nigéria. É autora dos romances Meio sol amarelo (2008) - vencedor do Orange Prize, adaptado para o cinema em 2013 - e Hibisco roxo (2011), ambos publicados no Brasil pela Companhia das Letras.
Eleito um dos dez melhores livros do ano pela New York Times Book Review e vencedor do National Book Critics Circle Award, Americanah teve seus direitos para o cinema comprados por Lupita Nyong'o.

Ultimamente tenho lido vários livros que abordam o tema racismo, embora cada autor explore uma perspectiva diferente sobre o assunto.
Minha mente estava cheia de expectativas sobre o romance, ainda mais após assistir o belíssimo discurso feminista de Adichie, que inclusive foi inserido na música "Flawless" da Beyoncé.

Ifemelu é uma nigeriana que foi viver nos Estados Unidos para estudar em uma pequena Universidade na Pensilvânia. Nos EUA, ela se depara com a dificuldade em ser uma imigrante, mas consegue obter êxito através do seu blog, onde fala sobre questões raciais.
15 anos após ela decide voltar para seu país de origem. Secretamente, ela também deseja reatar com seu grande amor - Obinze - a quem deixou para ir atrás de condições melhores de estudo em outro país.

Em partes me vi envolvida com a narrativa detalhada de Ngozi, e com os questionamentos que ela inseriu em sua obra. Só que em alguns momentos a leitura se tornou arrastada e morosa.
Não pensem que sou preguiçosa, pois fui capaz de ler a trilogia O senhor dos anéis em apenas 4 dias (e olha que a linguagem que Tolkien utilizava era 100% rebuscada), só que em Americanah o enredo poderia se tornar um tanto mais enxuto, evitando inúmeras observações sobre o mesmo tema.
"Ifemelu olhou para Aisha, uma mulher senegalesa franzina com um rosto sem nada de extraordinário e uma pele manchada que tinha dois namorados igbo, por mais improvável que isso fosse, e agora insistia para que os conhecesse e tentasse convencê-los a se casar com ela. Aquilo teria dado um bom post para o blog. "Um caso peculiar de uma negra não americana, ou como as pressões da vida de imigrante podem deixar você maluco"
Uma prova disso eram os diálogos e cenas extremamente detalhadas dos coquetéis em que Obinze era praticamente obrigado a comparecer. Ou as cenas em que Ifemelu passava no salão, e tudo o que eu lia era tagarelice.
A leitura demorou a engrenar, já que o estilo de narrativa é bem diferente do que eu estava acostumada. Narrado em terceira pessoa, alternando a visão de Obinze e Ifemelu, Americanah pode enganar quem pensa em um primeiro momento que a obra se trata apenas de um romance.

"Querido Negro Não Americano, quando você escolhe vir para os Estados Unidos, vira negro. Pare de argumentar. Pare de dizer que é jamaicano ou ganense. A América não liga. E daí se você era negro no seu país? Está nos Estados Unidos agora."

Este é um livro denso, que toca no cerne da questão racial. O racismo é amplamente abordado. Não só as agruras de uma negra não americana vivendo na América, mas também dos americanos negros, e Nigerianos de volta ao país de origem.
A história de amor em si, foi algo que eu sinceramente não apreciei muito. Apesar de ter gostado da figura de Obinze, vários pontos a seu respeito ficaram um pouco obscuros.

Ifemelu é uma personagem feminista que eu apreciei instantaneamente. As partes que eu mais amei, foram os posts de seu blog. Se não fosse por isso, creio que o passar das páginas teria se tornado ainda mais cansativo.
Eu gostei de observar seu ponto de vista inteligente e afiado, sobre a forma como os negros não americanos são tratados nos EUA.
As críticas são bem construídas, e por esse motivo a leitura foi extremamente válida.

A edição da Companhia das Letras está muito bem montada. A letra e fonte são confortáveis para a leitura, e eu me acostumei com a forma que eles colocam os diálogos entre aspas.

3 comentários:

  1. Oi Jacque

    Ainda não tinha visto este livro e gostei muito da premissa dele. Sabe, ainda não li livro com este pano de fundo e fiquei bem interessada neste.
    Gostei muito de saber seu ponto de vista.

    Beijos
    http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/

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  2. Olá Jacqueline,

    Gosto do tema abordado no livro e esse livro me chamou atenção, acho que no mínimo interessante e leva muito a reflexão.....bjs.

    devoradordeletras.blogspot.com.br

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  3. Oi, Jacque!

    Gosto bastante das palestras da Chimamanda e já li "We should all be feminist". Então, estou curiosa para ler este livro! Uma pena que a linguagem tenha sido tão minuciosa e repetitiva em alguns momentos. Foi bom saber, pois assim começo a leitura preparada e com as devidas expectativas, rs. Aliás, é um excelente tema e que deve ser abordado e discutido.

    Beijocas.
    http://artesaliteraria.blogspot.com.br

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