[Resenha] Sniper Americano - Chris Kyle

Livro: Sniper Americano
Autor: Chris Kyle
Editora: Intrínseca
Número e páginas: 344
Classificação: 5/5

Minha Opinião:

A primeira vez que ouvi falar de Chris Kyle, foi através do meu esposo que estava curioso pesquisando a história dele no google. Como o livro ainda não havia sido lançado no Brasil, resolvemos assistir ao filme, que inclusive, foi indicado ao Oscar na categoria de melhor filme este ano.

Assim que a biografia foi lançada aqui, quis conferir mais sobre a vida do atirador mais letal da história dos EUA. Geralmente eu sempre procuro ler o livro antes, para depois assistir a adaptação. Mas dessa vez, ter seguido a ordem inversa foi bem melhor. O filme capta os momentos de tensão e atenção extrema do sniper, contudo, o livro se revelou uma experiência bem mais intensa e emocionante.
Sniper Americano é narrado em primeira pessoa, pelo próprio Chris, o que talvez tenha tornado a biografia um relato altamente visceral.
Eu sou meio suspeita para falar de livros autobiográficos. Eu amo esse gênero, porque de certa forma sempre consigo extrair algum tipo de lição, e me sinto conectada com histórias reais.
Sempre admirei militares. Todo aquele patriotismo, e vontade de lutar por seu país, sem contar a coragem de ir para um país desconhecido sem nenhuma garantia de sobrevivência. Sou completamente contra a guerra, qualquer tipo dela. Porém, o altruísmo de ir para um outro país defender seus compatriotas é algo que eu aprecio enormemente.

A biografia de Chris Kyle revela não só o duro caminho e treinamento que percorreu até se tornar um SEAL, como traz uma visão mais completa de sua vida pessoal.
Chris contou com a ajuda de colaboradores para escrever o livro, mas nem de longe isso transparece em sua narração direta  e objetiva. A ausência de floreios literários foi um ponto que eu apreciei muito. Tudo é muito conciso e sem artifícios. A guerra é crua, e assim ela é retratada pelos olhos do SEAL.

Da infância comum vivida no Texas em uma fazenda com seus pais e irmão, Kyle sempre foi muito patriota, motivo que o levou a largar a vida entre cavalos e gados, para se alistar na Marinha.
O filme dedica uma parte ao seu treinamento como SEAL, mas nem e longe consegue transmitir as sensações ao ler por tudo o que ele teve que passar.
E o duro treinamento não foi impedimento para Chris, que quase ficou de fora do grupo de elite, e chegou a ser eliminado por conta dos pinos que tinha no pulso por conta de uma queda de cavalo.
Para quem assistiu o treinamento do BOPE no filme Tropa de Elite, imagine passar por coisas piores do que comer comida do chão, e receber tapas no rosto. Ele enfatiza que todo mundo sempre pergunta como é o treinamento físico, e quantas repetições de flexões e barras ele era obrigado a fazer, mas as repetições não eram o problema para ele. Ser levado ao extremo de sua força mental e física era o verdadeiro modo de levá-lo ao limite.

Quem se alista, tinha que passar por um teste chamado "Semana Infernal", e como o próprio nome sugere, eles tinham que passar por provações muito piores do que repetições de barras. Muitos dos testes envolviam humilhações, como ficar em temperaturas congelantes, contando com a sorte de um companheiro querer urinar para aquecê-lo.

As missões no Iraque (no total foram 4 anos) são incrivelmente detalhadas. Lembro de achar o filme totalmente monótono em alguns momentos, sem conseguir me identificar com os atores coadjuvantes. Na obra, não tive esse problema. Chris narra de forma muito verdadeira e emocional o período em que esteve no Iraque. Admito que chorei nas partes onde ele fala sobre a morte de um companheiro. Dá para ver como isso o afetou.
Para ele, a pátria vinha depois de Deus, e por último estava a família.
O patriotismo exacerbado pode até ser mau visto por alguns, mas lendo a biografia fica claro que ele não tinha prazer em matar por matar. Ele fazia isso pensando em proteger soldados americanos.
Kyle fala também sobre os mais de 160 iraquianos que matou, o que rendeu a ele o apelido de "a lenda", e o título de melhor atirador americano. Ele não tem nenhum problema em dizer que matou muito mais do que esse número, chegando aos 255 mortos. Kyle deixa claro que todas as mortes eram necessárias. Esse era o trabalho dele, assim como policiais matam bandidos, e bombeiros apagam incêndios e salvam vidas. Não o julgo, e não acho que uma pessoa que tira outra vida precisa ter muita frieza.
Me identifiquei muito com Kyle e seus pensamentos, e acho que por isso a leitura foi algo extremamente pessoal para mim.
Em um dos relatos, ele diz o quão difícil foi ter que atirar em uma mulher civil que estava com um pacote nas mãos. Ele tentou pedir a outro que a matasse, mas no final ele acabou cumprindo a missão, evitando assim a morte de vários soldados americanos.

O relacionamento com Taya, sua esposa, também é elucidado de forma descontraída. Inclusive, Taya narra algumas partes, e isso fez uma diferença e tanto. Podemos observar o que ela achava das missões do marido, e sua ausência por conta delas.
Taya é uma mulher incrível. Aguentou firme duas gestações sem o esposo por perto, e as ligações esporádicas que ele fazia. Com a narração de Taya, podemos perceber as angústias e privações que ela precisou passar com o marido servindo.

A edição da Intrínseca traz várias fotos de Kyle em várias etapas de sua vida, bem como fotos de companheiros de missões.
A revisão gráfica e gramatical está excelente. Não encontrei nenhum erro de digitação.
Quando o livro foi lançado nos Estados Unidos (2012), Kyle ainda estava vivo. Chris foi morto em fevereiro de 2013 a tiros por um ex-soldado que sofre de estresse pós-traumático. O Julgamento de Eddie Ray Routh, 27, acusado de matar Chris, aconteceu agora em fevereiro de 2015.
O filme dirigido por Eastwood, superou uma série de recordes de bilheteria no caminho de ganhar seis indicações ao Oscar.

Sniper Americano é uma biografia impactante e emocionante sobre a vida de um homem que amava o seu país, e tinha como dever proteger seus compatriotas. Altamente recomendado.

14 comentários:

  1. Oi Jacque!
    Me interessei por "Sniper Americano" no momento em que soube do lançamento, mas, não sei porquê, achei que o livro podia ser aquele tipo que tem uma história interessantíssima, mas é monótono. Que bom saber que não é o caso.
    Quero muito assistir o filme também.
    Beijos
    alemdacontracapa.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Oi Jacque, eu não fazia ideia do que o livro tratava, só imaginava que tinha relação com o exército por causa das divulgações do filme. Muito menos sabia que era uma biografia. Eu geralmente não curto esse gênero, com algumas exceções.
    A edição da Intrínseca está mesmo linda *-* A editora vem arrasando ;)

    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Eu realmente não me interesso muito por narrativas como essa, mas bem legal saber que a história de Chris foi publicada em um livro bem feito e de forma tão tocante.

    Beijos
    http://mon-autre.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  4. Oi, Jacque!

    "Sniper Americano" deve ser bem impactante mesmo. Já estava curiosa para assistir ao filme, mas agora, estou ainda mais intrigada. Faz tempo que não leio autobiografias e essa chamou minha atenção, especialmente por também ter outros narradores.
    Adorei a resenha!

    Beijocas.
    http://artesaliteraria.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  5. menina eu vi o trailer e fiquei doida pra ver e quando soube então que tem livro eu surtei <3
    a história me pegou de jeito. to doida pra saber o desenrolar.
    Seguindo o Coelho Branco

    ResponderExcluir
  6. Olá Jacque,
    Eu também já conferi o filme e confesso que não consegui ficar muito entretido e achei bem longo por sinal, mas consegui ir até o fim. Não sei se pretendo conferir o livro, mas se ler acho que serei bem lento com a leitura. Bjs

    Lucas - Carpe Liber
    http://livrosecontos.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  7. Oi, Jacque! Tudo bem?
    Mulher, curti muito a sua resenha. Meu irmão anda me torrando a paciência sobre esse livro, dizendo que preciso comprá-lo porque ele quer ler. Vê se pode? Não é muito o meu estilo, mas fiquei curiosa.

    Um beijo,
    Doce Sabor dos Livros - Aguardo a sua visita!

    ResponderExcluir
  8. Oi Jacque, sua linda, tudo bem?
    Eu admiro o diretor e ator Clint Eastwood, veria esse filme só por causa dele. Quando vi o trailer e a sinopse, percebi que seria uma história bem intensa, mas lendo a sua resenha, acho que o livro é infinitamente melhor e que pelo visto, o filme não conseguiu passar toda a verdade da história.
    Esse é um assunto muito delicado, pois envolve vidas, muitas vidas. Alguém ser elogiado por matar, é algo que não aceito. Mesmo que fosse o trabalho dele, ninguém poderia se orgulhar disso e dizer que fez um bom trabalho. Matar não é um bom trabalho. Por isso não aceito a guerra. E ninguém precisa fazer guerra, somos adultos, podemos resolver nossas diferenças na conversa e se não forem resolvidas, ficam desfeitas, simples assim.
    Gostei muito da sua resenha, mas confesso que ela me fez querer pegar o livro e não ver o filme, risos...
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  9. Oi Jacque
    Não costumo ler livros do gênero, e tbm a filmes como este, mas acho bem interessante.
    Pelas fotos que vc mostrou, até me despertou uma certa curiosidade, quem sabe eu leia este.
    Bela resenha.
    Beijos

    ResponderExcluir
  10. Uau Jacque que livro incrível!
    Não sabia que era uma bibliografia, nem de perto iria imaginar que o livro retratava tantas coisas! Achei que era ficção, puramente.
    Também gosto de ler biografias. Acho que se ela se enquadra em nosso gosto pessoal ou atiça nossa curiosidade (como por exemplo nesse caso, a biografia de um homem que esteve na guerra), sempre vamos conseguir extrair alguma coisa que realmente valha, para nossas vidas.
    Ótima resenha!

    Beijinhos
    Daisy - nuvemdeletras.com

    ResponderExcluir
  11. Oi Jacque, tudo bem?
    Pelo que você escreveu, esse livro deve ser muito bom mesmo. Mas o que você escreveu no fim me deixou triste, quase revoltada. A pessoa passa por tudo aquilo no Iraque, e é assassinada em "casa", digamos assim. é muito injusto. Vou conferir o filme e depois vou procurar pelo livro.
    Abraços,
    Amanda Almeida
    http://amanda-almeida.com.br

    ResponderExcluir
  12. Olá minha querida, tudo bem?
    Olha eu sinceramente nunca ouvi falar desse livro e nem do filme, mas mesmo assim acabei ficando interessada pela história do Chris, pois fiquei curiosa para saber sobre sua vida e tudo mais. Pela maneira que você escreveu me chamou atenção sabe? Eu adoro assistir filmes e acho que vou procurar para assistir e conhecer a história e se eu gostar eu acho que comprarei o livro para poder conferir. É legal isso. Estou começando agora a ler biografias e espero gostar bastante, porque agora tenho mais uma dica para leitura =] Parabéns pelo seu cantinho e tbm pela organização de sua postagem, porque está linda !!

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/02/resenha-o-presente_24.html

    ResponderExcluir
  13. O uso de elementos reais em um filme que não deixa ninguém feliz, para mim Cooper fez um bom trabalho , independentemente do resultado do filme e crítica. Eu vi há poucos dias Sniper americano, é um filme americano que entretém , mas tem um sentimento patriótico exagerada

    ResponderExcluir
  14. Amei sua resenha, é um dos meus livros que mais gostei de ler. Uma leitura muito agradável e fluida.

    http://www.vestigiodelivros.com.br/

    ResponderExcluir

Fique a vontade para comentar.Será muito bom saber o que você pensa...

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...